Um cidadão havia comprado uma Brasília velha e queria reformá-la para ter a sua relíquia. Procurou algumas oficinas e escolheu a do réu, que realizou o serviço com má qualidade, deixando uma série de defeitos aparentes na lataria. O autor pretendia ser ressarcido e a ação foi distribuída no meu Juizado. O réu defendeu sua capacidade profissional e a solução foi nomear um perito para a prova técnica. Na audiência, o perito, caprichoso, apresentou um laudo com várias fotografias. Numa delas, aparecia o réu, na posição de quem faz suas necessidades no mato, com um cigarro no canto da boca, os óculos de solda na testa e o maçarico em ação na lataria; em outra, uma visão da oficina, que parecia ter sido atingida por um tsunami, com toda a tralha possível amontoada contra uma parede, como se fosse um monte de ferro-velho.
Depois que o autor fez suas perguntas, o advogado do réu manifestou-se:
-
Doutor, eu tenho uma só pergunta a fazer ao perito: eu gostaria de saber se alguém que põe um carro na oficina de meu cliente pode esperar um serviço decente.
-
Não! – foi a resposta do perito.
Caso encerrado. Venceu o réu.