Ler frases como as seguintes faz parte da minha rotina diária:
“A parte autora, ora agravada, pleiteou na inicial o pagamento de alimentos, cujo qual foi determinada liminar.”
“A parte recorrente tivera proposta em seu desfavor uma ação de Busca e Apreensão Veicular.”
Nada vai mudar essa realidade, pelo contrário, é um universo em expansão, mas convenhamos, é uma vergonha.
Seja como for, fica aqui um breve resumo de conselhos e constatações que o filósofo Schopenhauer fez em sua pequena obra “A Arte de Escrever”, que considero úteis para a reflexão daqueles cuja sobrevivência profissional depende de sua capacidade de comunicação:
“Ler significa pensar com uma cabeça alheia, em vez de pensar com a própria.”
“Quando lemos, outra pessoa pensa por nós.”
“A primeira regra do bom estilo, uma regra que praticamente se basta sozinha, é que se tenha algo a dizer. Ah, sim, com isso se chega longe.”
“A obscuridade e a falta de clareza da expressão são sempre um péssimo sinal. Pois em noventa e nove por cento dos casos ela se baseia na falta de clareza do pensamento, que por sua vez resulta quase sempre de um equívoco, uma inconsistência e incorreção mais originais.”
“As palavras servem para tornar os pensamentos compreensíveis, mas só até certo ponto. Quando esse ponto é ultrapassado, eles tornam os pensamentos a serem comunicados mais e mais obscuros.”
“O ininteligível é parente do insensato, e sem dúvida é infinitamente mais provável que ele esconda uma mistificação do que uma intuição profunda.”
“Em geral, a ingenuidade atrai, enquanto a artificialidade causa repulsa.”
“Com referência a esse gosto pelo bombástico, em estilo exagerado, pomposo, preciosista, hiperbólico e acrobático, seu protótipo é o alferes Pistol, a quem seu amigo Falstaff certa vez bradou, perdendo a paciência: “Diga o que tem a dizer como uma pessoa deste mundo!” (Shakeaspeare, Henrique IV, parte 2, ato 5, cena 3).”
“Quando se associa ao preciosismo, esse estilo é, nos livros, o que a solenidade fingida, a falsa fidalguia e o preciosismo são no trato social: algo insuportável.”
“É sempre melhor deixar de lado algo bom do que incluir algo insignificante.”
E o último, mas não menos importante:
“É preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor.” (L&PM, 2005 trad. Pedro Süssekind.)
Quem refletir sobre essas sentenças, por certo extrairá delas um grande proveito, e sem dúvida, “com isso chegará longe.”
Ótimas dicas, Dr! Obrigada! O site está muito interessante!
O Dr. é antes de tudo um corajoso. Magistrados são sempre mal vistos e mal interpretados em tudo, sempre sendo tachados de prepotentes, imagina ao tentar abrir o olho daqueles que não enchergam suas deficiências? Segue um link de mais um caso, que infelizmente será tratado como sempre, imputando ao Juiz arbítrio ao invés de se identificar a verdade do problema que é a deficiência linguística: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI276488,81042-Juiz+de+Cuiaba+e+sincero+em+despacho+Li+reli+Nao+entendi